Benfica - a imagem de um país

Sou benfiquista desde pequenino. A vantagem de morar perto do estádio foi importante e habituei-me a festejar as vitórias dos anos 80 e iníçio dos 90, quando ia com os amigos em magote à bola. Na ida, a ansiedade do jogo fazia acelerar o passo para no regresso o ritmo ser ao sabor da toada do discurso, falando da finta do Chalana, do golo do Carlos Manuel ou da grande defesa do Bento. Vivi no velho estádio da Luz alguns dos momentos mais alegres da minha vida: a vitória contra o Steaua de Bucareste, na 1ª final dos Campeões Europeus que acompanhei, às vitórias europeias do basket, os triunfos do Andebol com o Paulo Bunze e o Apelgreen, à mão do Vata contra o Marselha. Enfim, foram centenas de jogos em que a rampa nº4, a varandinha do 3º anel e os pavilhões eram quase uma 2ª casa.

Apesar do tempo livre não ser o mesmo, a paixão pelo Benfica continua, num estado mais latente mas nunca adormecida. E tem sido com tristeza que vejo os acontecimentos da presente época, nomeadamente a relação dos Benfiquistas com os sócios.

Não desgosto do Fernando Santos, primeiro porque o acho um sujeito com princípios - coisa rara no futebol - e segundo porque é benfiquista. Mas sempre tive uma queda para defender os mais criticados, sobretudo quando tenho simpatia por eles. Por outro lado, detesto a vaga de criticas em redor deste tema.

Todo o português é um critico por excelência. Acho que os dois velhos dos Marretas foram inspirados na verdadeira alma lusitana. Mas quando se pedem opções, alternativas, eis que aparecem os vulgos treinadores de bancada. Para alguns benfiquistas, o clube é tão bom que nenhum português serve para o treinar.

Daqui o meu paralelismo com Portugal. Se pensavam que era por causa dos 6 milhões desenganem-se... sei que somos muitos, mas não acredito que sejamos tantos. Não acreditamos em nós próprios e no que é feito no nosso país. Sem confiança, é dificil vingar num mercado cada vez mais complexo e exigente. Não podemos assentar o nosso discurso nos grandes feitos do passado, temos que garantir que no futuro voltaremos a fazer a diferença e a deixar a nossa marca.

Tal como eu acredito no meu Benfica, também acredito no meu país e sinto que passa por todos nós mudar esta maneira de ser e de estar. Basta começar por si...

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