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Showing posts from March, 2018

A primeira paixão

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Diz-se que ao longo da vida podemos mudar de partido, de namorada, de emprego, de casa, mas depois de entrar na catedral não se quer outra coisa. Rumo ao penta

O virar da página

Confesso que a escolha do dia me agradou, afinal a época pascal iria com certeza apanhar algumas pessoas de férias, o que tornava a despedida um pouco mais "leve", no entanto o que se previa curto e breve acabou por se prolongar pela tarde e levou mais tempo do que contava. Para trás ficam mais de sete anos de muito companheirismo, bastantes conquistas e a superação da maior crise económica que vivi na minha vida profissional. Nestes anos também convivi com a hipocrisia e a inveja, a soberba e a arrogância de quem tem o poder de mandar e olha com indiferença quem está abaixo. Mas nas horas de despedida de hoje ficam os abraços e apertos de mão sentidos, as palavras calorosas daqueles de quem vou ter saudades e que sei que, no fundo, vão sentir a minha falta.  O meu percurso profissional fez com que, com alguns, esta despedida não fosse a primeira e no final o destino levou a que nos reencontrássemos. Hoje parto com a sensação de dever cumprido e de alguma pena por d

Pai e filho

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Dia 1 Despertar cedo para garantir que tudo corria bem, vôo pontual e chegada à cidade luz a horas de almoçar.   Fomos surpreendidos pelo sol radioso e pela temperatura amena, bem acima do que estava previsto nas apps de meteorologia  Escolhi uma toca mais cozy mas muito central, a 5 min da Sorbonne e da Cité, para garantir que o Junior não ceda facilmente ao cansaço.  E assim se iniciou o filho nas passadas urbanas do pai.

Paternidade

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Na passada 2ª feira foi dia do pai, e este ano para mim teve um sabor especial pois foi a primeira vez que o celebrei a dobrar. Em complemento, foi mais um ano em que desfrutei da companhia do meu pai, algo que é sempre de enaltecer quando vários amigos de infância infelizmente já não podem ter este prazer.  Este ano está a ser muito interessante, com a segunda paternidade quase a entrar o ano e surgiu entretanto uma excelente oportunidade para abraçar outro desafio profissional. No meio deste primeiro trimestre em alta rotação, vamos ver como será o resto do ano... Sobre a paternidade, fica a cena mais famosa em que um pai se revela a um filho.

Lamechices II

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Nesta fase entre jornadas profissionais, recebi várias mensagens que me surpreenderam bastante. Sem querer destacar ninguém, há uma que me deixou de sorriso nos lábios pois foi uma resposta do meu poema de Ricardo Reis.  Levo um contentor de boas memórias e as mãos não chegam para contar os colegas de quem vou ter saudades.  O destino de Sísifo foi uma consequência de tentar enganar vários deuses, eu apenas me limito a viver os dias que, graciosamente, me foram oferecidos desde 2003 e esperar que quem os partilha comigo também sinta que valeu a pena. Hasta siempre...

Sci-Fi, da ficção à realidade

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Desde miudo que adorei ficção cientifica. Começou com o velhinho Espaço 1999, passando pelo Star Trek e culminou com a Galactica, um ícone para a minha geração. Foram as orelhas do Spock, o humor do Dr. McCoy, a Maya que se transformava em qualquer animal, o capitão Apollo o companheiro Starbuck, o HAL, o Starman, tantas personagens que preencheram muitos dias da minha infância. Mais tarde vieram os livros, com especial destaque para Lorde Tedric de E.E.Doc Smith, Isaac Asimov e Arthur C. Clarke. Nessa altura, já teenager, lembro-me de ver em alguma literatura a imagem de Stephen Hawking, já de cadeira de rodas. A curiosidade levou-me a explorar alguns textos - nunca fui um amante da física e ele tinha coisas bem "pesadas" - mas foi já adulto que compreendi o que era a ELA e passei a admirar a força de vontade de um homem que desafiou todos os diagnósticos.  Já muito se disse e escreveu sobre Hawking mas gostava de salientar dois pontos que, para mim, ficarão para se

O que interessa é o material

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Na contagem dos últimos dias, e a pedido de uma colega para lhe deixar uma recordação fotográfica, decidi ofertar a um conjunto de pessoas mais próximos, bem como às minhas equipas, uma imagem selecionada.  Na generalidade, quando as pessoas apreciam a impressão, aparece sempre o comentário tipo "a máquina deve ser muito boa", algo que me fui habituando a ouvir com alguma paciência. Isto porque fica sempre para trás a técnica do fotografo, o jogo entre a abertura e o tempo de exposição, o enquadramento ou a paciência para apanhar "aquele momento".  Ontem, ao arrumar as coisas a antecipar a saída do atual posto de trabalho deparei-me com uma tira de BD que traduz muito esta ideia do "material é que faz a diferença".  O curioso disto é que, na vida profissional, também constato que raramente o "interprete" tem o crédito que merece, salvo raras excepções. A sorte é que ainda há tecnologia...

Lamechices I

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Os dias vão passando e a data da saída está à porta. Hoje foram as primeiras despedidas por terras do Douro, com alguma emoção à mistura. Se alguns dos cumprimentos foram da praxe, outros custaram mais, sabendo que esta jornada está a terminar. Guardo com especial carinho o mimo da minha equipa, com quem trabalho há vários anos e a quem foi mais difícil dizer adeus.  Relembrando estes sete anos e quase meio, muito foi feito. Nunca tinha gerido tantas pessoas e quando penso que em plena crise (2012-2013) tinha à minha responsabilidade 28 almas de um total de 34, compreendo que cresci imenso nesta ultima jornada profissional. Entre a compreensão do carácter humano, passando pela hipocrisia das organizações e pelas jogadas de bastidores, ficam boas recordações e a sensação de dever cumprido.  Reestruturei equipas, com total apoio da chefia direta que nunca me deixou mal; motivei comerciais quando se produzia um terço dos anos anteriores; desenvolvi produtos, campanhas e incentivo

Millennials

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Curioso em ver que as principais preocupações de algumas empresas está em como recrutar jovens, numa altura em que a procura é maior que a oferta. No entanto, e para mim, o grande desafio das organizações passa garantir os resultados mantendo os colaboradores mais velhos envolvidos e empenhados, porque a experiência e o saber não se passam por osmose. A odisseia de recrutar um Millennial.

Zona de conforto

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Há uns dias, e na ressaca da decisão de mudar de emprego, um diretor disse-me que admirava a coragem de sair da "Zona de conforto" com 46 anos e arriscar numa mudança. Há uns anos largos, um colega noutra empresa confrontou um diretor de risco que não estava confortável para tomar uma certa decisão para "trazer um sofá para o trabalho, não há conforto que bata esse". Novo ou velho, as oportunidades surgem e temos que ter a coragem e o sangue frio necessário para as analisar e, caso faça sentido, as aproveitar. É claro que nada disto faz sentido sem um bom suporte familiar, em que perante este tipo de decisões sempre encontrei todo o apoio. Assim, em Abril lá vou eu recomeçar de novo.

Pérolas

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A humildade é uma virtude que, confesso, raras vezes me atribuem. No entanto, e como recentemente disse numa entrevista, não sou vaidoso mas tenho muito orgulho no meu percurso profissional. Aliás, a soma de tudo o que entreguei, sozinho ou em equipa, é de facto um bom portfolio de projetos e realizações. No entanto, encontramos sempre gente que adora o show-off. Nos últimos anos convivi com um que diz à boca cheia que programa desde os cinco anos - quando refutava tempos de desenvolvimento com a equipa do IT - e recentemente que fala ingles corretamente desde os dois anos de idade. Andei eu anos há procura das duas personagens deste video, e pelos vistos trabalho em proximidade com uma delas.

Modernices

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Numa altura em que escrever por aqui tem sido muito a fogachos e em função do tempo e da respetiva motivação, olho com curiosidade esta "onda" digital, em que a publicidade pessoal é altamente alavancada em noticias no Linkedin, artigos de opinião, quiçá até lançar um blog.  Quando olho para o percurso percorrido, pessoal e pessoal, numa altura em que passei a metade da minha "vida útil" sorrio perante tanto visionário que acha que hoje o digital está na berra. Vejo toda a revolução do e-commerce e lembro-me de como pagava as primeiras compras no Ebay, no longínquo ano de 2000.  Nessa altura, na verdadeira revolução .com os meios de pagamento eram arcaicos, pelo que a solução para comprar algo no Ebay americano era emitir, num banco nacional, uma IMO - International Money Order - um "cheque" que podia ser descontado num banco local e cujo custo de emissão era, aos dias de hoje, pornográfico. Para piorar o cenário, uma IMO era como cash, nada gara

Saudades

O ano passado foi marcado pela morte de várias figuras, da política às artes, da economia à musica. Se alguns me trazem recordações de frases célebres, pensamentos teóricos ou feitos realizados, uma ainda hoje me causa um arrepio quando o ouço. Comecei a gostar de Soundgarden no secundário, no inicio dos anos 90, onde o grunge de Seattle marcava a tendência da época, com os Nirvana e os Pearl Jam a liderarem os gostos de uma juventude irrequieta. Vi-os ao vivo no célebre concerto de Alvalade em 1993, que ficou famoso pelo espalhanço do Axel Rose na atuação dos Guns'n'Roses, mas que tiveram nos Soundgarden e depois em Faith No More duas das melhores bandas alternativas que ainda hoje são presença assídua nas minhas viagens e tempos mortos. Cornell tinha uma voz forte, de marcar presença. Depois dos Soundgarden e dos Temple of the Dog, uma breve carreira a solo terminou quando fundiu o seu registo com o som dos Rage Against the Machine nos Audioslave. No match perfeito