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Showing posts from July, 2008

Saldos na tinta

Quando um projecto marca passo, é natural questionar a liderança. O que dizer de um grupo de amigos que fundou uma equipa. amadureceu junto, cresceu até fundar um clube, bateu-se em diversas frentes com 3 equipas e depois, com o desgaste da vida, se deixou esmorecer. A moral foi caindo, as dúvidas foram-se instalando, as baixas foram-se acomulando e, no final, o líder dá por sí a observar os últimos acontecimentos, lembrando a areia que se esvai lentamente na ampulheta. Há tempos para tudo: para criar, para crescer, para ensinar e para aprender. Mas a sabedoria e a experiência de vida revela-se quando nos apercebemos que não podemos lutar contra o inadiável, que há coisas que têm o seu próprio ritmo e que devemos deixar morrer naturalmente. Tive o prazer de dar a cara, nestes 4 anos, por um projecto que caminha, devagar mas com passos firmes, para o seu final. Em vez de o chorar ou de me lamentar, penso nas centenas de horas investidas, nas dezenas de dias e em todos aqueles com quem

14 de Julho

Hoje os franceses celebram a tomada da Bastilha e o inicio do que foi a Revolução Francesa. Depois desse o mundo nunca mais foi o mesmo e os ideais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" passaram a fazer parte do léxico europeu e, durante alguns anos, a 1ª Républica fez crer ao povo que podiam ser governados com justiça sem que uma classe de eleitos, de nobre sangue azul, dominasse o resto da população. Dei por mim a pensar o que modaria se os portugueses pegassem fogo à Assembleia da Républica e a "Viuva Negra" trabalhasse uns dias lá para os lados do Terreiro do Paço. Será que voltaríamos a respirar um pouco os ideais da Revolução ou a classe parasita simplesmente se regenerava com os jotinhas?

Quo vadis Portugal?

Nos últimos dias sucedem-se as entrevistas, as críticas de opinião e os debates sobre o estado da nação. É como se o país estivesse a acordar de uma letargia profunda induzida por um executivo, hábil nas ilusões, mas parco de ideias. Pena que alguns dos ministros mais capazes ou já estão foram ou estão de mãos amarradas pelo discurso do nosso primeiro. Depois de ouvir a entrevista do professor Medina Carreira na passada 3ª feira na SIC, saúdo a coragem de chamar os bois pelos nomes e dizer o que está mal neste pai (e que não é só de agora). Nos últimos 10 anos esbanjou-se dinheiro público aos magotes sem que uma única pessoa fosse responsabilizada. Quer em obras que ficaram 400% mais caras que os orçamentos iniciais, passando por gastos das autarquias onde os critérios de adjudicação das coisas deixa muito a desejar e terminando nas fundações e outros organismos afins, que floresceram como cogumelos em bosque nórdico no governo do digníssimo Guterres. Ouvimos com recorrência o caríssim

Sonoridade original

Ficou célebre com "Don't Worry be Happy" mas Bobby McFerrin marca um estilo único no jazz com os seus vocalizos e registos recreando instrumentos, em composições que espantam os ouvintes menos atentos. Infelizmente não pude ouvi-lo na recente passagem por Portugal mas deixo dois exemplos deste músico excepcional, que ainda hoje me consegue surpreender. Sons diferentes e originais, que merecem um destaque nesta jornada. Uma daquelas cenas que presenciadas nunca mais se esquece.

Notas soltas

Numa altura em que a música tende a ser cada vez mais parecida, em que fenómenos comerciais se resumem a uma figura curvilínea ou uma imagem trabalha, o virtuosísmo dos músicos passa para 2º plano. Para mim a música apareceu com 10 anos, com as aulas de piano e flauta tendo evoluído para as 6 cordas aos 14 e sido uma presença constante até aos 26, onde passei o saber apreendido a outra geração da guitarristas. Não há nada mais nobre que a música, podemos encontrar um tema que enquadre todos os nossos estados de espírito, desde o mais nostálgico ao mais contemplativo, do mais relaxed ao mais nervoso. Mas para fim o clássico é a origem de tudo, já que muitos dos grandes músicos das décadas de 80 e 90 (a minha geração de ouro) se iniciaram com este percurso. E nada melhor do que o clássico para saborer os anos em que música me acompanhou, numa fusão perfeita entre o violoncelo de Yo-Yo Ma e os sons quentes de Piazzola.