Quo vadis Portugal?

Nos últimos dias sucedem-se as entrevistas, as críticas de opinião e os debates sobre o estado da nação. É como se o país estivesse a acordar de uma letargia profunda induzida por um executivo, hábil nas ilusões, mas parco de ideias. Pena que alguns dos ministros mais capazes ou já estão foram ou estão de mãos amarradas pelo discurso do nosso primeiro.

Depois de ouvir a entrevista do professor Medina Carreira na passada 3ª feira na SIC, saúdo a coragem de chamar os bois pelos nomes e dizer o que está mal neste pai (e que não é só de agora). Nos últimos 10 anos esbanjou-se dinheiro público aos magotes sem que uma única pessoa fosse responsabilizada. Quer em obras que ficaram 400% mais caras que os orçamentos iniciais, passando por gastos das autarquias onde os critérios de adjudicação das coisas deixa muito a desejar e terminando nas fundações e outros organismos afins, que floresceram como cogumelos em bosque nórdico no governo do digníssimo Guterres.

Ouvimos com recorrência o caríssimo “engenheiro” dizer que o discurso da tanga de Durão Barroso foi responsável por uma crise no país enquanto o actual primeiro prefere passar um discurso optimista em que estamos bem e que o oásis à beira-mar plantado se manteve “alheado” da crise internacional. Aliás, ao estilo de quase tudo o que consumimos em Portugal, desta vez até importaram a crise, já que não nos chegava uma crise doméstica, assim mais comedida. Tivemos logo que mandar vir a coisa em grande.

Com as grandes obras do plano a serem anunciadas pelo nosso primeiro (sim, porque os outros ministros raramente têm o prazer de anunciar novas medidas no parlamento) lembrei-me de outra história e do cenário da tanga. Aquela dos alfaiates que iam fazer uma roupa de seda tão fina tão fina, de tal qualidade que nunca se tinha visto nada igual no reino da fantasia. No final, quando o rei desfilava, foram as crianças que constataram que o “Rei vai nu”. Será que andamos todos iludidos em Portugal?

Comments

sem naufragar said…
Acredito que há medidas necessárias. Acredito que dormimos nos apoios da UE. Acredito que mta gente mamou do bom e do belo. Acredito que assistimos a isso e ganhou quem pode e agora... o suposto investimento não se traduziu na melhoria, mas no enriquecimento de algumas algibeiras. Por exemplo, o caso da formação em Portugal!
Acredito que andamos iludidos porque aceitamos que "aguentamos" continuar assim.
Acredito que não somos nem super-hoemens e nem super-mulheres e que o buraco em que TODOS nos estamos a enfiar é tão grande que tb só lá fica quem resistir psicologicamente à mudança de estilo de vida. Porque vai tocar a mts campainhas!
Acredito que vão resistir apenas as empresas que praticam a gestão e que se acautelaram para esta crise.
Não sei se há capital financeiro em mts delas p se manterem de portas abertas. Diz-se que, de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos, mas pode ser que agora se acorde para o que os Espanhóis conseguiram fazer (gestão de recursos) e lá teremos de aceitar viver sobre o "poder" financeiro da vizinha Espanha. Será?

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