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Showing posts from August, 2008

Originalidade dos balcãs

Há concertos que temos sempre pena de não ter visto, especialmente aqueles que dificilmente se repetem devido à parte mais alternativa do estilo musical. Foi em desespero que na altura tentei obter bilhetes para Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra no Coliseu, especialmente porque gosto muito de dois dos filmes de Kusturica: "Gato Preto Gato Branco" e "Underground". Disse-me quem foi que o concerto foi fantástico, original, num ambiente francamente descontraído. Este fim de semana, surfando pelo ciberespaço, cruzei-me com isto e roí-me de inveja. Pode ser que cá voltem

Alma parisiense

Nunca fui muito adepto de filmes franceses mas, curiosamente, alguns dos títulos que me ficaram para sempre na memória são nesta lingua. Quando estreou, a imprensa especializada fez um grande furor em volta dele e eu, com alguns preconceitos, deixei que saísse de exibição e apenas o vi quando apareceu em aluguer no videoclube. "O fabuloso destino de Amelie Poulain" relevou-se uma bela surpresa e reservou o seu na minha memória. Primeiro, pela fantástica banda sonora que me vez conhecer Yann Tiersen , segundo pela forma como me reencontrei com Paris e o romantismo das suas ruas, bem longe dos ex-libris da cidade e, finalmente, por uma das mais bonitas histórias de amor de pessoas normais, nas quais muitos de nós se podem rever. Fica a cena em que Amelie descreve a jornada a um cego, enquanto o leva ao seu destino. Uma pequena homenagem a um dos sorrisos mais marcantes da minha história do cinema.

Selva de betão

Tenho sempre alguma curiosidade quando abro o caderno do imobiliário no Expresso, afinal este sector é um pouco a referência do estado da nação. No entanto, apesar de se falar em crise na venda de apartamentos no país, em Lisboa as novas urbanizações crescem a olhos vistos, como uma praga de gafanhotos que teima em encher o nosso horizonte. Curiosamente, o preço pedido por um T2 nesses novos empreendimentos nunca está abaixo dos 250 mil euros, com a respectiva inflação de preços que chega aos 400 mil euros por T3 ou T4. Depois notam-se as dificuldades na venda e as obras paradas a meio mas o carrossel não pára. Dois casos fizeram-me rir à gargalhada. Um, o pedido de meio milhão de euros por um prédio novo no Restelo, perto do CCB, onde um aquário de vidro ficou emparedado entre dois edifícios já existentes. Por acaso passei por lá a pé a semana passada e acredito que fará as delicias do voyeur mais atrevido, já que as janelas estão a 90º dos novos vizinhos. O segundo caso foram as duas

Direito à indignação

As palavras do Gustavo Lima surgiram como feridas na alma, num grito de indignação sobre o que se escreveu a respeito da participação portuguesa nos jogos. Acredito que os apoios não são os melhores e que por vezes somos demasiado exigentes, especialmente depois de termos tido a fortuna de ver atletas de eleição trazer medalhas para Portugal num passado bem recente. Se, por um lado, a generalidade dos portugueses ficou chocada com algumas afirmações e reagiu de forma caústica às palavras de alguns atletas, o Gustavo Lima devia saber separar o trigo do joio e perceber que há duas faces numa moeda. Pode ter sido o sentimento de solidariedade para com os demais atletas que o fizeram atirar a toalha ao chão e queixa-se da falta de apoio pelo que lia na net mas ninguém crucificou atletas que deram tudo mas que, infelizmente, não conseguiram medalhas. Ainda hoje na canoagem tivemos prestações muito boas, em que todos os atletas chegaram às meias finais, na marcha um honroso 8º lugar, o Nelso

Portugal dos pequeninos

Hoje fiquei orgulhoso das primeiras notícias de Pequim, felicitando a conquista da Vanessa. É mais um passo na vida da jovem atleta, que se tem entregue de corpo e alma ao triatlo, fruto de uma atitude que apenas nasce nos campeões. Já no domingo as palavras do Francis me deixaram supreendido. Primeiro, pelo assumir do atleta que não se encontra fisicamente em condições para realizar a prova dos 200 metros, fruto de um joelho que teimosamente continua a limitar o atleta. Mas supreenderam-me as palavras de agradecimento ao país e o pedido de desculpa do nosso velocísta adoptado, por falhar o objectivo de conquistar uma medalha mesmo quando o país apostou nele. As vitórias só são nobres quando há derrotados e nem todos podem ganhar. Mas a veleidade com que muitos dos nossos representantes enfrentaram as olimpíadas de Pequim mostram um profundo desprezo pela missão de defender as cores nacionais. Desde o que queria ficar na caminha, passado pela jovem que decidiu entrar de férias mais c

TAP

Nas últimas semanas a nossa companhia tem andado na boca do mundo, especialmente depois do estudo que considera a TAP como uma das companhias que pode sobreviver à suposta crise. No entanto, a experiência recente faz-me duvidar desta competitividade e atirar a TAP para o fim da tabela das preferências, já que o serviço oferecido quando comparado com o preço pago está ao estilo de comprar bife da pá ao preço do fillet-mignon. Nos últimos dias consegui ter as minhas mini-férias reduzidas em 4 horas e meia por culpa da digníssima companhia, quer devido a problemas técnicos quer por atrasos na partida do voo Lisboa - Amesterdão que implicaram o não cumprimento no regresso. Para ajudar à festa apanhei no check-in um zeloso empregado que decidiu que a minha bagagem de mão excedia o peso mínimo e me obrigou a despachar a mesma no porão, quando depois verifiquei que o voo não só tinham trolleys semelhantes na cabine como metade do avião se encontrava vazio. Moral da história, quase meia à espe

Literatura de férias

Nestes dias, enquanto matava os tempos de espera, consegui terminar o último livro de Frederick Forsyth: The Afghan. Sempre gostei das obras deste autor, muito pensadas e cujo processo criativo é lento e estruturado, ao contrário de muitos autores de guerra e espionagem que anualmente lançam um ou dois novos títulos, a um ritmo alucinante. Conheci Forsyth através de três filmes: "O caso Odessa", os "Cães da Guerra" e "O quarto protocolo", baseados em títulos da década de 70 e 80. Os temas são bem diferentes, seno primeiro, um jornalista procura um ex-criminoso de guerra alemão, no segundo analis-sea o mercenarismo em África e os jogos de poder das grandes potências nesse continente sendo o terceiro uma história pura de guerra fria, protagonizada por Michael Caine no papel do bom e Pierce Brosnam (o primeiro filme que vi dele) no papel do russo implacável. Em "O afegão", Forsyt prevê um segundo atentado ao estilo do 11 de Setembro, enquanto para

Far-West

Com o passar dos meses, e na ressaca do acordo ortográfico assinado recentemente, parece que estamos a assimilar a cultura dos nossos irmãos do além Atlântico de uma forma bem mais activa. Desde a guerra de gangs na Quinta da Fonte a um assalto com reféns, passado por mais um assalto evitado hoje (local onde por acaso passei e que me surpreendeu pelo aparato) e por uma morte de uma criança ontem, que com 12 anos já acompanhava a família em actividades menos lícitas. Como cidadão fico preocupado, já que a calma com que sempre vivemos neste cantinho à beira-mar plantado começa a ser abalado por situações bem mais perigosas, muito mais do que aquilo a que estávamos habituados. Curiosamente, o guarda da GNR foi constituído arguido quando na Quinta da Fonte, mesmo com as imagens de troca de tiros, nenhum cowboy foi identificado. A justiça tem que ser exemplar para os agentes da autoridade, no sentido de impedir abusos de poder mas, infelizmente, é mais branda para com o criminoso. Ainda me

Caldeirada

O mundo assiste impávido a mais uma tomada de posição de força de uma ex-super potência que tenta retomar a sua posição na geopolítica do século 21. Uns temem um reaparecer do Grande Urso, ao puro estilo Estaliniano, outros entendem que é uma forma de pressionar o ocidente depois da queda internacional do comunismo. Para mim, é uma consequência de um dos maiores erros políticos e diplomáticos que parte do ocidente, como tive oportunidade de escrever aqui . Hoje é a Ossetia do Sul, qualquer dia a Abcásia e num futuro não tão improvável iremos ter um renovar do nacionalismo, encapotado sobre um referendo local que renega a autoridade do estado ao qual a região pertence. Os americanos condenam a intervenção, apesar de terem entrado no Iraque com uma desculpa diferente, mas também ilegítima, e de terem sido os cabeças de cartaz na recente autonomia do Kosovo. Nessa altura os russos comeram e calaram mas desta vez o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Vamos ver no que isto vai dar. Com

Amigos

É sempre bom rever os amigos, especialmente aqueles com quem não estamos com muita regularidade. Aproveitamos para saber as novidades, matar saudades e deixar passar as horas. Ao longo da minha vida relacionei-me com muita gente, sempre tive a facilidade de comunicar e deixar amigos em todo o lado. No entanto, há pessoas que se destacam por diversos motivos e no jantar de ontem isso notou-se. O que dizer de um conjunto de pessoas que se reúne, em média, duas vezes por ano mas que demonstra uma amizade e um espírito de grupo em cada reencontro, como se a último tivesse sido há poucas semanas. Entre novidades de terras de Vera Cruz (com sotaque), aquisições de multinacionais e mudanças profissionais, as conversas surgiram soltas como as notas de uma jam session. Falou-se do sistema nacional de saúde e das experiências pessoais, do sub prime e de Lula de Silva e George W., do Magalhães e de outros marcos da revolução tecnológica em Portugal, de apitos brilhantes e presidentes corruptos, o

Férias no verão ou verão sem férias

Os dias passavam a correr, 24 sobre 24 horas, deixando pouco tempo livre face aos acontecimentos das últimas semanas. O trabalho corria bem mas a falta temporária de recursos exigiu-lhe uma dedicação maior e a intensidade dos dias não lhe libertavam a mente para os momentos de fuga no blog. Ao menos a presença no ginásio continuava assídua, tentando cumprir a máxima do corpo são numa mente sã mas cansada. Ao contrário da maioria das pessoas, Agosto ia ser de trabalho. A romaria à praia e às férias irão ficar para depois, afinal o descanso apenas pode ser marcado para Outubro por diversos motivos. Valiam os fins de semana em que alargava horizontes e uma breve incursão a Amesterdão numas mini-férias a meio de Agosto. Pelo meio os artigos cientificos iam sendo presença constante, apesar da inspiração para escrever lhe afectar também o corpo da própria tese. Julho já passou e, a este ritmo, Agosto vai num instante. Resta esperar pela azáfama de quem regressa e, sofridamente, contar os d