Referendar ou não referendar, eis a questão...

Na ressaca de mais um flop democrático, traduzido em 58% de abstenção, cada vez gosto menos de referendos. O custo que o Estado teve numa consulta à população para que o governo possa legitimar uma decisão menos popular é, no mínimo, passar um atestado de incompetência aos deputados e ao poder político no geral.

Nas eleições legislativas os partidos submetem-se a escrutíneo e elege-se o governo para os próximos quatro anos. Nessa altura temos oportunidade de penalizar, ou reiterar a confiança do partido no poder,, analisando a sua performance face ao que era espectável.

Com esta permissa, entendo que a lei do aborto devia ser discutida em Assembleia da Républica e votada lá, sem recurso a este “lavar de mãos” de Pôncio Pilatos, que apenas existiu para que o Partido Socialista não seja crucificado nas próximas eleições.
Ao aprovar a noa lei o Governo vai defender que fez cumprir a vontade dos portugueses, o que é verdade, já que 59% dos que votaram disseram SIM. Por outro lado, os defensores do NÃO agarram-se ao facto de apenas 42% dos portugueses terem participado, logo a maioria silenciosa podia facilmente fazer oscilar o prato da balança para o outro lado.

Ou seja, no final é impossível agradar a gregos e troianos. Haja coragem política para tomar decisões que no final o povo as julgará. Já agora, o que diriam a um referendo sobre a redução do número de deputados, as reformas elevados com meia duzia de anos de trabalho ou o futuro das forças armadas? Será que mobilizaria mais eleitores?

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