Dia da Liberdade
Ontem celebrou-se o 25 de Abril. Passados 33 anos muita gente encara este feríado como mais um, aproveitando para ir à praia, mudar de ares ou simplesmente descansar. As celebrações centram-se numa sessão solene na Assembleia da Republica, num desfile militar e pouco mais, como se o país se esquecesse da revolução dos cravos.
Pena que um dos exemplos de heroísmo desse dia, Salgueiro Maia, apenas agora receba os créditos merecidos. Com tudo a perder e muito pouco a ganhar, Maia deu a cara por uma Revolução que muitos quiseram mas poucos fizeram.
Militar de carreira, oficial Comando, esteve em Mocambique e na Guiné, tendo regressado a Portugal em 1973 descrente da guerra cujo fim se adivinhava mas que a ditadura de então teimava em continuar. Com uma coragem exemplar enfrentou os tanques ao serviço do governo no Terreiro do Paço (foto) e venceu todas as tentativas do regime em derrotar o golpe, convencendo oficiais atrás de oficiais a aderirem à causa do MFA, sem disparar um tiro.
Maia representa o mais puro altruísmo ao serviço do país, tendo dado tudo por Abril. Esteve presente no período conturbado do PREC como referência do MFA, até ao 25 de Novembro de 1975, data em que a democracia finalmente vingou em Portugal. A partir dessa data foi sendo colocado na prateleira pelos governantes de então, em colocações sem grande protagonismo, como o governo militar dos Açores.
Falecido em 1992, vítima de doença, foi dos poucos que não lucrou com a revolução, mantendo-se fiel aos ideais que sempre defendeu. Apenas a título póstumo recebeu a maior condecoração nacional, uma vã tentativa do poder politico em honrar um homem que nunca se deixou comprar. O verdadeiro herói.
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R.I.P. HEROI!