Manuel Maria Barbosa du Bocage

Nos momentos mais sizudos, leio este sadino e o sorriso rasga-se de orelha a relha.


É pau, e rei dos paus, não marmeleiro


"É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,

Bem que duas gamboas lhe lobrigo;

Dá leite, sem ser árvore de figo,

Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:



Verga, e não quebra, como zambujeiro;

Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;

Brando às vezes, qual vime, está consigo;

Outras vezes mais rijo que um pinheiro:



À roda da raiz produz carqueja:

Todo o resto do tronco é calvo e nu;

Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!



Para carvalho ser falta-lhe um U;

Adivinhem agora que pau seja,

E quem adivinhar meta-o no cu."

Comments

Paulo said…
Bucage sempre a "dar-lhe"... lol
Anonymous said…
Bocage ...sempre a escrever das suas...grande poeta!

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