Hamlet ou algo está podre no reino da Dinamarca
Apesar do nível competitivo do paintball nacional nunca ter estado tão bem, adivinham-se tempos negros na organização deste desporto. A ausência de informação e o ocultar de alguns factos, aliado à mesquinhez de algumas pessoas, teimam em levar para o abismo o sonho de todos os praticantes de paintball.
Mas como é que um desporto que envolve centenas de praticantes, dezenas de campos e algumas lojas teima em não se afirmar? Num passado não tão longínquo, uma associação denominada A.P.P. - Associação Portuguesa de Paintball - tentou lançar as bases da regulamentação do desporto. Infelizmente, durou pouco, fruto das guerras entre lojas e do oportunismo de alguns.
Agora, uns anos depois, um novo movimento ganha fôlego - a Federação Portuguesa de Paintball. Nome sonante, apesar de ter pouca substância e estar ferido de legalidade. Na realidade, estamos perante uma associação de praticantes denominada "Federação", um projecto cheio de boa vontade mas com mais buracos que um queijo suiço.
Apesar de me ter associado, como forma de dar o meu voto de confiança no que estava a ser construído, com o tempo vi que os erros do arranque se mantinham. Na ânsia de mostrar serviço quiseram tutelar um desporto a nível nacional, "apoiando" eventos regionais sem mandato para tal, numa suposta tentativa de representar bem o desporto e os seus praticantes. Infelizmente, cada loja e os seus responsávei continuam a querer fazer lei, numa política de caciquismo ao estilo Alberto João na pérola do Atlântico. O giro é que quase todos têm telhados de vidro mas não hesitam em atirar a primeira pedra.
Por outro lado, a obrigatoriedade de um praticante se associar para jogar numa prova "apoiada" pela suposta "federação". Nada mais ilegal, no sentido em que ninguém pode ser obrigado a se associar para jogar paintball, num extremo podem existir eventos exclusivos a sócios mas, mesmo esses, têm que ser anunciados nesse presuposto. Tal não tem acontecido e os jogadores lá vão carpindo as coisas e pagando, afinal a quantia não é muita, acreditando sempre que estão a contribuir para o bem do paintball nacional.
Para terminar, as contas. O vil metal, aquele que afecta a cabeça de muitos e que faz alguns abdicarem de principios morais e éticos, marca constante presença em casos menos transparentes. Como o facto de uma só entidade ganhar concursos para organizações de provas, com o respectivo ganho financeiro, sem que outras propostas sejam do conhecimento público, ao estilo dos concursos do Estado que já têm o vencedor encomendado. Já sem esquecer as quotas de centenas de praticantes, cuja aplicação em prol do desporto não tem tido obra visível, tirando umas jerseys giras a dizer F.P.P. Não acuso ninguem mas que a suspeita está presente é um facto. É como a história da mulher de César, não é preciso ser só séria, há também que o parecer.
Temos ainda um bypass ao estatuto das federações desportivas, que não podem ter sócios individuais, ou a dupla imputação de um seguro de praticantes. Já sem falar na ausência de recibos das equipas na altura em que recebem prémios, numa rotação de dinheiro que qualquer dia chama a atenção do fisco, e na tentativa de regulamentar o paintball recreativo, quando a maioria dos operadores não possui alvará de eventos.
Enfim, um ceu tão cinzento como o de Mordor, onde o olho do Sauron observa tudo mas sempre à distância. Tenho pena de estar um pouco afastado destas lides mas, por outro lado, ainda bem que estou fora da confusão. Vamos esperar pelo acto eleitoral que se aproxima e pelas cenas dos próximos capítulos, acreditando que quem dá a cara ainda está a tempo de mudar as coisas.
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Abraço da tinta