Ser ou não ser…avaliado

Muito se tem dito e escrito sobre a avaliação dos professores. Que é injusta, que é tendenciosa, que não agrada a ninguém. No entanto, a bem do discurso democrático, quem critica acha que a classe deve ser avaliada mas sugestões construtivas e realistas teimam em não aparecer.

Olhando para trás analiso a classe dos professores como uma pedra basilar da nossa sociedade, já que a formação das novas gerações depende muito do trabalho e do empenho destes profissionais. Mas se pensarmos bem em quantos deles são professores por vocação, quantos são os professores que ,quando acabaram o 12º ano e foram tirar um curso superior,, queriam mesmo fazer do ensino profissão.

Tomo como amostra a minha experiência académica, onde a saída do ensino era a última porta a recorrer, quando os licenciados não conseguiam entrar no mercado de trabalho. Neste sentido, acredito que uma parte da classe englobe, exactamente, uma parte dos menos qualificados ou menos aptos enquanto alunos. Aqueles que, com uma licenciatura e sem conseguir um emprego privado, se viraram para as aulas como uma última oportunidade de não ficarem desempregados.

E aqui começa a comparação mais linear que eu faço. A classe dos professores tinha um pressuposto assaz curioso. Fosse bom ou mau, todos os docentes chegariam, por antiguidade, ao topo da carreira. Ao melhor estilo castrense, em que a idade é um posto, os professores sabiam que, gradualmente, viam as suas condições financeiras e hierárquicas melhorar. No mínimo, era um sistema que premiava a incompetência e alinhava todos pela mediocridade.

A juntar a isto o facto de um horário completo de um docente ser de 24 horas semanais (de aulas a dar), já que fora disso há o tempo gasto na preparação das mesmas, dos testes e das avaliações dos alunos. No mínimo, podemos assumir que um professor tem uma carga horária inferior à média nacional, que os programas raramente são revistos entre os diferentes anos lectivos e que a profissão, apesar de ter algum desgaste, continua a ser uma ilha no meu do stress diário que todos temos.

Não sou “cor de rosinha” e nem fui dos que elegeu o bacharel Sócrates, mas saúdo a tentativa de mudar alguma coisa, já que os resultados de tudo o que foi feito na educação desde os meus tempos de preparatório se têm resumindo num rol de fracassos.

Comments

Catraia_Sofia said…
Oi.Há muitos muitos que são professores porque querem, quiseram e , por estranho que possa pareceu, ainda querem, mesmo no dia de hoje. Pessoas que se dedicaram profissionalmente e pessoalmente à causa da educação, do ensino-apz.

E como não dedicar-se pessoalmente? 35 horas para a escola: dar aulas, "fazer" papéis e estar na escola mesmo que não haja uma mesa livre para se corrigir testes ou um pc para cada 3 professores. Assim, em casa, os nossos amigos, pais, filhos, mulheres e maridos... têm de nos dividir com mais burocracia aquela que ainda está no TPC e com aquilo que deviamos fazer em horas e espaço de trabalho... mas em que não temos condições para o fazer, nem nos "deixam".

A avaliação... os professores concordam que se faça! Quem não?
Mas desta forma? (vamos fazer porque estes senhores querem, independentemente de tudo o que não está bem, fazemos porque na Finlândia se faz assim, seguimos ordeiramente). Passar por passar? "Dar" diplomas de 9º, 12º a pessoas que não sabem somar 2 + 5?Pois....

(é só uma expressão, podes ler e apagar, bjs)
Mestre said…
Amiga, já esperava que escrevesses. Afinal, vives o problema na primeira pessoa.

Acredito que haja professores que o são por gosto mas quantos na realidade? Em 50 ou 60 professores que tive no liceu quantos foram os professores a sério, aqueles que motivam os alunos e que tudo fazem para educar os miudos?

O que me surpreende é que não há alternativas, esta avaliação é má mas não vejo ninguém propor outra. Andamos a brincar à educação desde o 25 de Abril e o facto é que, hoje, estamos piores do que no tempo da velha senhora no que diz respeito ao conhecimento no ensino básico e preparatório.
Luis Prata said…
Palmas Mestre :) Penso exactamente como tu...

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