Portugal dos pequeninos

Hoje fiquei orgulhoso das primeiras notícias de Pequim, felicitando a conquista da Vanessa. É mais um passo na vida da jovem atleta, que se tem entregue de corpo e alma ao triatlo, fruto de uma atitude que apenas nasce nos campeões.

Já no domingo as palavras do Francis me deixaram supreendido. Primeiro, pelo assumir do atleta que não se encontra fisicamente em condições para realizar a prova dos 200 metros, fruto de um joelho que teimosamente continua a limitar o atleta. Mas supreenderam-me as palavras de agradecimento ao país e o pedido de desculpa do nosso velocísta adoptado, por falhar o objectivo de conquistar uma medalha mesmo quando o país apostou nele.

As vitórias só são nobres quando há derrotados e nem todos podem ganhar. Mas a veleidade com que muitos dos nossos representantes enfrentaram as olimpíadas de Pequim mostram um profundo desprezo pela missão de defender as cores nacionais. Desde o que queria ficar na caminha, passado pela jovem que decidiu entrar de férias mais cedo porque a concorrência nos 5.000 metros era muito dura e terminando na dupla que se lamentava que há dois meses atrás é que estavam realmente em forma, a comitiva portuguesa tem sido original nas desculpas, apesar das já habituais culpas da arbitragem ou da suposta falta de ar.

Curiosamente, o ciclista que decidiu - a três semanas dos jogos - não ir a Pequim por problemas respiratórios, ando q receber a "bolsa olímpica" durante um determinados período de tempo. Como ele, este ano os atletas não se queixaram da falta de apoio do estado, sendo que alguns até tinham recolhido patrocínios para a tão esperada medalha que teimou em não aparecer. O conceito de fazer os mínimos para ir ao evento e depois deixar andar, actuando sem brilho e sem garra, como se o 10º lugar fosse o mesmo que o 40º, deu mostras que até no desporto a mediocridade se instalou. Afinal, está tudo mais preocupado em garantir o estatuto da alta competição e entrar na faculdade ao abrigo de um contigente que previligia os desportistas, mas que mete no mesmo saco os medalhados dos participantes.

Foi preciso que a Vanessa, uma miuda no meio de tantos "veteranos", chamasse os bois pelos nomes. Agora compreendo porque é que ela não ficou na aldeia olímpica com o resto da tribo e preferiu um estadia recatada com a familia num local mais reservado, longe do movimento noctívago que tira as pessoas da caminha quando deviam estar a poupar esforços.
Haja coragem para apostar naqueles que o merecem, como a Náide, o Nelson ou a Telma - traída pelo peso da responsabilidade - e exijam aos outros a devolução do dinheiro investido numas férias ao oriente.

Comments

Paulo said…
Lamentável as declarações de alguns atletas, bem como do Presidente do COP e de outros presidentes de federações das modalidades...

De saudar a atitude e a prestação de atletas como Gustavo Lima na vela.
Luis Prata said…
Como eu te compreendo... Viva a Vanessa.

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