Avaliação...ou talvez não

Após os últimos dias, onde assistimos a manifestações de estudantes a defenderem o seu estatuto, e professores a repetirem o encontro nas ruas de Lisboa, pensei nas cenas dos próximos episódios desta novela que se chama ensino em Portugal.

A ministra entende que as regras são para se cumprir enquanto os professores teimam em não ser avaliados, tendo já conseguido um apoio tácito dos partidos da oposição. Se a moda pega, o nosso primeiro recusa-se a ser avaliado nas próximas legislativas e segue directamente para um segundo mandato, já que não reconhece autoridade a quem o avalia.

Por outro lado, a nossa futura geração surpreendeu-me. Já se gritam palavras de ordem de megafone em punho, ao estilo de um Maio de 68 versão Tuga, numa intifada lusa que substituiu as pedras pelos ovos. Até nisto somos diferentes, reclamamos mas com estilo. Vejam lá se os palestinianos se lembraram de fazer uma intifada de Falafel ou de Kebab?

Olhando para as reclamações da nossa juventudo, reparei que exigem um melhor tratamento pelo ministério de educação, especialmente no que diz respeito às faltas justificadas. Imaginem que, quando ultrapassam um determinado número de faltas (justificadas ou não) um aluno pode reprovar. Mas afinal, com exames tão fáceis e médias tão altas, tinha sempre que existir uma razão para reprovar alguém, nem que seja pelo absentismo. No meu tempo fazíamos um mapa de faltas que geriamos com muito cuidado para podermos dar as nossas baldas, sem que seguisse a cartinha para os pais, terminando muitas vezes o 3º período "tapados" em algumas disciplinas. Já nesta altura mostrávamos espirito de gestão, coisa que esta geração vai perdendo.

Com um pouco de sorte ainda vejo os alunos a exigirem que terminem as avaliações, apanhando a boleia dos docentes. Afinal, se uns não querem avaliar colegas porque parece mal, como é que depois têm espírito para avaliar os púpilos? Melhor, será que a avaliação dos professores justa? Afinal, como se classifica a participação na aula de um aluno, pelo número de vezes que está presente, mesmo que depois esteja a trocar sms no telemóvel? Pior, se for repreendido ainda pode dar uns berros ao professor e brilhar num Youtube próximo de si.

Com tanto estatuto e tanta reclamação, acho que seria mais fácil seguir as pisadas do nosso "engenheiro" e "arranjar" um canudo a todos os nossos estudantes. Quando chegarem ao mercado de trabalho, a selecção natural irá mostrar quem é de facto bom. A não ser que trabalhem para o estado...

Comments

Catraia_Sofia said…
Nem sabem os alunos ainda do que reclamam... com um determinado número de faltas ficavas "tapado". Agora não. Em nome de canudos, estatísticas e políticas, em que i importante é falar alto, não saber escrever mas ter o 9º ou 12º ano em "oportunidades"... o aluno em vez de tapado passa por provas que têm o objectivo de dar o numero de hipóteses necessárias para que no fim TODOS MESMO TODOS passem.

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