Touradas

Nunca fui um aficionado da festa brava, tirando a parte final da lide, onde encontrava muito valor quando alguns bravos tentavam pegar o touro. O resto repugna-me, o picar do bicho, o cortar a orelha, a falada “Sorte de Varas” ou a morte com a espada. No entanto, ao ver a fotografia do Manuel Pinho em pontas, veio-me à memória Chibanga e imaginei o Pinho e investir o Ricardo, a pé, a passar-lhe a capa frente aos olhos.

No final do plenário, o país viu terminar a participação de um dos ministros mais fúteis que alguma vez vi em acção, com um pedido de demissão que me pareceu mais obrigado que outra coisa. Mas como não se pode passar uma imagem de impunidade, há que sacrificar o bicho, assim como no conto do Miura n’’”Os Bichos”, de Miguel Torga, onde no final o touro se atirou contra a espada para acabar o sofrimento. Será que Pinho se fartou disto, e adivinhando uma hecatombe eleitoral, se quis por ao fresco? Ou foi simplesmente mais uma “vítima” da arrogância socialista, a quem tudo tem sido admitido. Felizmente que o Pinho não colheu ninguém e, no final, não acabou em bifes suculentos num prato do XL.

Para os lados da Luz a tourada foi outro. De um lado, um bezerrito de pouco peso, no outro um toureiro de fina reputação e crueldade, bem auxiliado por um fiel campino, daqueles que gosta da pinga e encaminha os bichos com a vara. Apesar da corrida estar marcada para esta noite, está visto que o bezerro vai ser trucidado e nem vai servir para hamburgers do McDonalds. O campino vai curtir a ressaca para casa, que já está na idade da reforma enquanto na arena meio mundo aplaude em êxtase e lança flores ao mui pródigo cavaleiro. Quem me manda a mim fazer parte dos que não gostam de touradas…

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