Resignado
Pouco escrevi nos últimos tempos a respeito das legislativas, antecipando um pouco o que acabou por acontecer. Mais uma vez o povo manda para trás das costas o passado e continua a acreditar na verborreira da promessa, do sorriso fácil e da vitimização dócil, que transformou um verdadeiro tigre no gato das botas do Schreck, aquele que timidamente segurava o chapéu e mostrava os olhinhos ternos para aparentar vulnerabilidade.
Afinal o transformismo compensou, resta ver até quando mas algumas cabeças pensantes já falam de eleições antecipadas (e mais uma fortuna gasta pelo Estado a alimentar as máquinas da propaganda) . A vergonha do costume.
É esta facilidade de perdoar e falta de capacidade de criticar, exigir e avaliar que nos levam, passo a passo, para um país divorciado dos valores e onde cada um se orienta o melhor que pode e sabe, porque quem manda dá o mote. Até tenho receio do estado deespírito que se seguirá à resignação...
Comments
Ao contrário da tua perspectiva 'A La Velho do Restelo' analiso esta votação como uma clara demonstração do que os Portugueses são inteligentes e votaram em consciência. Maturidade democrática.
Sabem quem querem que os governe mas sabem que não querem que continuem a governar da mesma forma que nos últimos quatro anos e meio. Sabem também quem não querem que os governe. E sabem também que outros podem melhor expressar e responder, neste momento, pelo seu descontentamento e pelas suas ansiedades.
Ao contrário do teu clube e já agora de todos os outros, após uma eleição legislativa existe um órgão de soberania - o parlamento - que sai reforçado na sua importância, onde será necessário encontrar os equilíbrios possíveis e os desequilíbrios naturais.
Vamos ver como cada um dos partidos empossados dos respectivos 'novos pesos relativos' correspondem às expectativas que os Portugueses neles depositaram e qual a sua verdadeira capacidade de responder aos desafios que o País exige.
E se necessário teremos de novo eleições. Pois a democracia é dar 'voz' aos cidadãos de decidirem como querem ser governados. Os que não quiserem falar optam que outros por eles decidam. Estão no seu livre direito.
Abraço democrático.
MDF