Resignado

Pouco escrevi nos últimos tempos a respeito das legislativas, antecipando um pouco o que acabou por acontecer. Mais uma vez o povo manda para trás das costas o passado e continua a acreditar na verborreira da promessa, do sorriso fácil e da vitimização dócil, que transformou um verdadeiro tigre no gato das botas do Schreck, aquele que timidamente segurava o chapéu e mostrava os olhinhos ternos para aparentar vulnerabilidade.

Afinal o transformismo compensou, resta ver até quando mas algumas cabeças pensantes já falam de eleições antecipadas (e mais uma fortuna gasta pelo Estado a alimentar as máquinas da propaganda) . A vergonha do costume.

Já há uns meses tinha sentido o mesmo, quando um senhor de bigode manipulou as regras democráticas do meu clube e, no meio de tanta vergonha, recebeu mais de 90% dos votos. Apesar do Benfica não ser o Estado, o fenónemo eleitoral tem paralelismos e, mais uma vez, esqueceu-se o passado e acreditou-se no futuro.

É esta facilidade de perdoar e falta de capacidade de criticar, exigir e avaliar que nos levam, passo a passo, para um país divorciado dos valores e onde cada um se orienta o melhor que pode e sabe, porque quem manda dá o mote. Até tenho receio do estado deespírito que se seguirá à resignação...

Comments

Anonymous said…
Acho curiosa a tua análise mas estou mais interessado em perceber como é que cada um dos partidos vai assumir a responsabilidade que foi dada pelo povo Português.

Ao contrário da tua perspectiva 'A La Velho do Restelo' analiso esta votação como uma clara demonstração do que os Portugueses são inteligentes e votaram em consciência. Maturidade democrática.

Sabem quem querem que os governe mas sabem que não querem que continuem a governar da mesma forma que nos últimos quatro anos e meio. Sabem também quem não querem que os governe. E sabem também que outros podem melhor expressar e responder, neste momento, pelo seu descontentamento e pelas suas ansiedades.

Ao contrário do teu clube e já agora de todos os outros, após uma eleição legislativa existe um órgão de soberania - o parlamento - que sai reforçado na sua importância, onde será necessário encontrar os equilíbrios possíveis e os desequilíbrios naturais.
Vamos ver como cada um dos partidos empossados dos respectivos 'novos pesos relativos' correspondem às expectativas que os Portugueses neles depositaram e qual a sua verdadeira capacidade de responder aos desafios que o País exige.

E se necessário teremos de novo eleições. Pois a democracia é dar 'voz' aos cidadãos de decidirem como querem ser governados. Os que não quiserem falar optam que outros por eles decidam. Estão no seu livre direito.

Abraço democrático.

MDF

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