Suspensões e outras cenas

Tenho-me abstido de escrever sobre futebol. Primeiro, porque com o arranque da época honestamente duvidei da hipótese do Benfica voltar a ser campeão, algumas decisões do Rui Vitoria e os erros de casting na constituição do plantel mostraram que a época foi mal preparada e a soberba reinou pelos lados da Luz.

Segundo, porque desde a década passada que sou um opositor do atual presidente do Glorioso, e em cada época vejo as vendas a acontecer e o passivo a continuar. Se juntarmos a isto o séquito que rodeia o presidente Vieira, desde Paulo Gonçalves a Domingos Soares Oliveira, mostra bem que os laços ao clube são fatores pouco valorizados para trabalhar no Glorioso.

Mas os acontecimentos dos últimos dias obrigam-me a dedicar algumas linhas ao desporto rei, por aquilo que está a acontecer do outro lado da segunda circular. Na sua reeleição Bruno de Carvalho honrou a sua herança familiar, parafraseando o célebre "Bardamerda para o fascista" de Pinheiro de Azevedo numa versão mais eclética: "Bardamerda para quem não é sportinguista".

A recente suspensão da maioria do plantel do clube por terem ousado marcar uma posição - que pessoalmente até acho razoável - contra o presidente fez-me logo recordar a célebre entrevista de Pinheiro de Azevedo enquanto primeiro ministro do VI governo provisório, numa altura em que o executivo se auto-suspendeu. Está visto que para além do "Bardamerda", Bruno de Carvalho recorreu a outro expediente do tio-avô. Por este caminho, entre avanços e recuos, ainda vou ver o presidente do Sporting utilizar outra expressão de Pinheiro de Azevedo que ficou para a história: "O povo é sereno, é só fumaça". 


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